“Between the optimist and the pessimist, the difference is droll. The optimist sees the doughnut; the pessimist the hole!” – Oscar Wilde.
2020… Um ano que tão cedo não vamos esquecer! Agora que já passou, paira a questão do que podemos esperar de 2021. Enquanto vamos digerindo projeções do próximo trimestre e revemos em retrospetiva o melhor e pior do ano que passou, pasma-nos quão dispares costumam ser as previsões dos “especialistas”. Embora pese que após um ano tão volátil, a nossa capacidade de aceitar surpresas é maior. Resumindo, em 2020:
- Estima-se que a economia chinesa cresceu 1.9%, porém o Shanghai Composite disparou 38%.
- Estima-se que a economia americana cresceu 4.3%, enquanto o S&P500 e o Nasdaq100 subiram 16% e 43%, respetivamente.
- Estima-se que a economia britânica contraiu 9.8%, enquanto o FTSE100 caiu 14%.
- A base monetária americana (M2) expandiu-se em 25%, para +/- 19.2 biliões de dólares, enquanto o défice americano deverá rondar os 3.8 biliões de dólares em 2020, ao mesmo tempo que o Ouro disparou 25%.
Para os leitores que questionam o porquê do realce nos EUA, deve-se isto a terem a maior economia do mundo (+/- 23%) e as suas bolsas representam cerca de 47% da capitalização bolsista mundial. Ou seja, o que acontece nos EUA afeta, e é afetado por, o resto do mundo.
Avancemos para a parte interessante. O que vai acontecer em 2021? Tal como já referimos em artigos anteriores, acreditamos que a melhor forma de prever o futuro passa por ter um conhecimento sólido do passado. “History doesn’t repeat itself, but it often rhymes”.
Voltando 119 atrás - até 1901, o mercado acionista americano registou a seguinte dispersão de retornos anuais:
1. 51% Das vezes entre -16% e +16%
2. 34% Das vezes acima de 16%
3. 14% Das vezes abaixo de -16%
Isso mesmo. Se pretende investir para o longo prazo, prepare-se para ver a sua alocação a ações flutuar dentro de uma fronteira de 32% a maior parte do tempo, e para ver as suas ações descerem mais de 16% uma vez a cada 8.5 anos. Números assustadores, nós sabemos. Pergunta o poeta: vale a pena?
No gráfico que se segue, cortesia da Crestmont Research, podemos observar o retorno médio em cada período de 10 anos que um investidor teria, ao investir no S&P500. I.e: a última barra no gráfico da esquerda (2019) diz-nos que se tivéssemos investido durante os 10 anos a terminar em 2019 (2009-2019), teríamos tido um retorno médio anual de 14.423%. Ou seja, um investimento de $100,000 teria crescido para $432,524.2 com os juros reinvestidos.

Fonte: crestmontresearch.com
O gráfico à esquerda conta-nos que este foi um período admirável e acima da média. A maioria dos períodos de 10 anos não foi assim tão simpática. Cremos que a análise combinada de ambos os gráficos é bastante esclarecedora.
Munidos agora de uma melhor perceção do risco, e potencial retorno, de investir em ações no longo prazo, o que é que será então razoável esperar para 2021? As grandes autoridades repetem vezes sem conta que o mercado acionista americano gera, em média, um retorno anual de 10%, mas não será que as médias enganam? Poderá um consultor financeiro conservador basear-se nesta taxa para planear quanto é que o seu cliente pode retirar na reforma, ou quanto é que o mesmo deve poupar para colher os frutos de uma reforma confortável? Na nossa opinião: nem por isso.
No gráfico anterior à direita, podemos constatar que os retornos raramente rondam perto da média. Em 43% das ocasiões, o retorno anual é inferior a 8% e tal como referido, inferior a -16% uma vez a cada 8.5 anos.
Implicações Futuras e Conclusões:

Fonte: crestmontresearch.com
Retomando uma a uma perspetiva de longo prazo, atentemos agora a retornos em regime de capitalização para períodos de 20 anos. A leitura deste gráfico é semelhante à do gráfico anterior: as barras azuis representam o retorno anual médio em cada período de 20 anos. I.e: um investidor que tivesse investido durante o período de 20 anos terminado em 2019 (1999-2019), teria tido um retorno médio anual de 6.08%. Ou seja, um investimento inicial de $100,000 teria crescido para $339,056.68 com os juros reinvestidos.
No mesmo gráfico, podemos distinguir uma linha vermelha que representa a expansão e contração do Rácio Preço-Lucros Ciclicamente Ajustado (Cyclically adjusted price-to-earnings ratio), tal como introduzido pelo Prof. Robert J. Shiller. É de notar uma conclusão importante: quando o rácio (linha vermelha) está a subir, os retornos médios anuais (barras azuis) tendem a ser acima da média, e vice-versa. Num próximo artigo iremos abordar porque é que este fenómeno ocorre. Por agora, o leitor apenas precisa de saber que os sentimentos de medo e ganância dos investidores são os principais responsáveis pela volatilidade nos mercados acionistas, e que os desenvolvimentos económicos são responsáveis pelo resto.
Tendo identificado este padrão de que aumentos no rácio Preço-lucros levam a retornos anuais acima da média, importa perguntarmo-nos 1) qual é o rácio Preço-lucros atual, 2) é expectável que ele vá subir ou 3) é expectável que ele vá descer?

Fonte: Bloomberg, Abacus Wealth Management
À data em que este artigo é escrito, o S&P500 regista o segundo Rácio Preço-Lucros Ciclicamente Ajustado mais elevado de sempre (34.19), o que nos coloca bem dentro do 1st Decile de retornos anuais de 20 anos – com um retorno esperado de 5.1% nos próximos 20 anos, consideravelmente abaixo da média.
O leitor provavelmente está a pensar que isto é tudo demasiado complexo e requer demasiado tempo para lidar sozinho… Temos boas notícias: não precisa de o fazer. Ao trabalhar com um consultor da Abacus Wealth Management beneficia de todo o nosso conhecimento, ferramentas e experiência ao seu dispor. Contacte-nos ou agende uma reunião através do nosso website, se não sabe como melhor se posicionar para tirar o máximo proveito deste ambiente de mercado, ou se simplesmente deseja proteger o seu património e o da sua família de todas as incertezas que a vida traz. Cá contamos consigo, quando contar connosco.
João Feliciano Martins
Wealth Manager
A Income Markets é uma marca registada de educação financeira com o objetivo de fomentar a literacia financeira da sociedade. O nosso site contém apenas a nossa opinião e existe apenas para fins formativos e informativos. Antes de investir em ativos financeiros é imperativo que procure e faça formação financeira. Todo o material disseminado e publicado, incluindo artigos, dados e gráficos, é apenas para fins informativos, uma vez que a Income Markets, e os seus mentores, não efetuam nenhuma atividade de intermediação financeira e gestão de carteiras. Quaisquer opiniões, análises, preços ou outros conteúdos são fornecidos para fins educacionais e não constituem conselhos de investimento ou uma recomendação. O desempenho passado não é necessariamente indicativo de resultados futuros, e qualquer pessoa que atue nessas informações o faz inteiramente por sua conta e risco, não assumimos responsabilidade por qualquer perda ou dano, incluindo, sem limitação, qualquer perda de lucro, que possa surgir diretamente ou indiretamente do uso ou confiança em tais informações.
Comments